quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mãos que falam

No esmalte cansado, nas rugas da mão velha, na inocência dos dedos que se fecham, nas tintas da obra de arte que nasce.
As mãos falam mais do que as palavras e até estas dependem de quem as digite, numa conexão mágica entre o pensamento e o ato de apertar teclas.
Se há um instrumento que reina sobre os demais, este é a mão.
Mão que garante a sobrevivência, que se move em gestos belos que se chamam dança, que constrói a arquitetura da ciência e da arte. Produzindo beleza, essas mãos fazem surgir o sublime.
A bem da verdade, mãos não fazem surgir. Criam e produzem. Expressam, demonstram: o bom e o mau, engenhos que movem o mundo, carícias que amenizam dores e substituem as palavras no ato de amar; movimentos desconcertados de quem, pensando ou não, agride e destrói.
Mãos matam e curam. Afirmam. Negam, consentem, são elegantes, chulas, mulheres, homens, pobres, ricas, jovens, meninas, maduras, decrépitas, arrebatadas.
Mãos, que abrigam dez dedos que rezam, apontam, pintam e bordam, praguejam, dizem adeus.
Mãos são a razão deste texto – mãos observadas por olhos que são movidos por mãos, que abrem e fecham páginas, que engrendam textos, que criam beleza, que urdem a vida e assim descobrem a grandeza do universo humano!
Mãos à obra!


GRUPO ARTE E IDEIA

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